Amazônia: algoritmos das águas
Cruciais para as ações dos projetos Piatam, pesquisadores de Modelagem Ambiental discutiram os desafios do conhecimento sobre a região.
Considerando a integração de ações de grupos de pesquisas e dos bancos de dados dos projetos da série Piatam, os investimentos em infra-estrutura computacional e a adoção de novos conceitos para a mineração de metadados, os especialistas apostam em uma significativa mudança de patamar do conhecimento sobre os padrões naturais dos ambientes da Amazônia. E acrescentam: as condições atmosféricas devem ganhar cada vez mais importância para determinar com precisão a hidrodinâmica e a dispersão de substâncias em rios e ambientes costeiros na região.
Esses foram alguns dos resultados apontados pela I Oficina Piatam de Modelagem Ambiental na Amazônia, realizada de 09 a 11 de junho em Petrópolis (RJ), através de parceria entre os projetos Piatam e Piatam Mar, o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC/MCT) e o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LAMCE/COPPE/ UFRJ).
O encontro reuniu cerca de 100 participantes e teve como objetivo afinar as atividades de grupos de pesquisa e a organização dos bancos de dados dos projetos com as ações de modelagem ambiental. Durante a oficina foram abordadas questões como a modelagem atmosférica, o sensoriamento remoto, a coleta de dados hídricos e meteorológicos, a modelagem hidrodinâmica e de ondas, a dispersão de produtos, substâncias e elementos diversos nas águas amazônicas, as necessidades para integração de bases de dados, a infra-estrutura computacional e a prevenção de acidentes ambientais na Amazônia.
"É bom ver que a série Piatam já gerou produtos que podem ser aplicados. Temos agora que otimizar nossos códigos para torná-los mais operacionalizáveis em situações de emergência. Por isso a oficina foi extremamente benéfica para os projetos e especialmente para os grupos de modelagem. Conseguimos aqui explicitar os problemas e dificuldades e ficou a mensagem de integração, que é fundamental", ressaltou Luiz Paulo Assad, um dos organizadores do evento.
Integrante do Grupo de Modelagem do Piatam, Assad é pesquisador ligado ao Lamce-Coppe-UFRJ. "Focar a oficina no tema da modelagem e expor com clareza as situações que ainda são entraves para a integração das equipes foi de grande importância. Somos parceiros e isso é muito importante para continuarmos avançando", concorda Nelson Cabral, Gerente Setorial de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras na Região Norte.
Padrões - "O principal impacto dessa oficina foi a sinergia entre os grupos de modelagem e os outros grupos temáticos dos projetos da série Piatam. Conseguimos congregar durante esses três dias um grupo de especialistas de outras áreas que são fundamentais para fornecimento de dados que vão tornar os resultados da modelagem muito mais confiáveis, tanto para a área costeira como para a Amazônia central. Nesse sentido, o objetivo já foi plenamente atendido", avaliou por sua vez Fernando Pellon (Cenpes-Petrobras), coordenador geral do projeto Piatam.
A modelagem ambiental tenta reproduzir fenômenos naturais, como o comportamento do clima e de correntes de rios. Tudo começa com a coleta e o processamento adequado de dados retirados desses ambientes. Logo esses dados passam a ser representados por números, que são computados e traduzidos através de algoritmos. Assim, matematicamente, se pode chegar a simulações que buscam o máximo de fidelidade frente à realidade, com o objetivo de entender melhor o comportamento do meio e prever fenômenos e situações ligados a ele. As previsões do tempo e o entendimento dos regimes dos rios e das marés oceânicas ao redor do globo são alguns dos exemplos de aplicações usuais da modelagem em nosso cotidiano.
Para a eficiência do monitoramento ambiental e da prevenção de possíveis impactos causados pela ação do homem, essa busca de entendimento dos padrões que possam estar presentes no aparente caos das interações entre as diversas forças naturais passa a ser cada vez mais fundamental, por motivos óbvios. Quanto mais soubermos e pudermos prever sobre o comportamento do meio, através desses modelos, maior poderá ser o sucesso das ações de preservação e de monitoramento de impactos.
Texto: Lázaro Magalhães
Comunicação Piatam Mar
27/06/2008-21h02